
Elaborar uma engenharia social a partir de uma ciência humana leva a algum ponto de vista enviesado, a algum engajamento ideológico. Karl Marx tomou como critério de organização social a luta entre classes. Segundo Marx, toda história humana pode ser descrita por uma luta entre exploradores e explorados. Assim, ele cria toda uma doutrina de interpretação do capitalismo onde prevê que este carrega a semente da sua própria destruição, o ocaso do capitalismo seria completo com a ascensão da classe trabalhadora ao poder. O grande problema com estas doutrinas humanistas, como o comunismo ou o neoliberalismo, parece ser aquele velho dilema do Garrincha : mas será que eles combinaram tudo isto com o time adversário?
O comunismo subestimou o autoritarismo de uma sociedade altamente burocratizada, a capacidade de regeneração dos exploradores e o darwinismo que impera nas sociedades pouco educadas e solidarias.
Hoje, o ocaso do capitalismo parece mais provável devido às tensões ambientais que ele produz do a uma insurreição da classe trabalhadora.
Outro fato ignorado por Marx é o advento da tecnologia. A idéia de que a técnica seria capaz de se auto-replicar e subverter alguns aspectos da ordem natural, como a pródiga geração de bens de consumo a preços ínfimos, era inexistente ou insipiente na época de Marx.
Hoje, a tecnologia se constitui num valor muito mais essencial do que o capital. Embora poucos se dêem conta, seria possível abandonar o dinheiro e prover toda humanidade de suas necessidades básicas com a tecnologia e capacidade administrativa acumuladas. É claro, hoje isto não passa de utopia. Mas existem sonhadores, como o futurista Jacque Fresco e seu projeto Vênus que contemplam esta idéia.
Numa visão mais realista, é possível que num futuro distante a tecnologia acabe por tornar o dinheiro obsoleto. Esta é a visão de Gene Roddenberry, criador de Star Trek, Jornada nas estrelas. No mundo de Roddenberry a tecnologia será tão pródiga que atenderá as necessidades humanas básicas a custo zero. Neste mundo, acumular capital seria uma atividade primitiva e sem sentido. O homem viveria para desenvolver seus potenciais. A motivação não seria o dinheiro, seria a realização pessoal.
Vai aí meu tributo a Karl Marx e a Gene Roddenberry, dois visionários que acreditaram numa sociedade mais equilibrada e justa.
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